domingo, 14 de agosto de 2011

Diário de Bordo do Veleiro Jacaré - Cap. Werner




Werner Rossger,  julho de 2011



Dia 1. Domigo, 3 de julho de 2011. Posição de manhã: Clube Água Nova, no município de São Manuel. Posição à noite: Marina Barra Bonita.  Represas de Barra Bonita e Bariri.



O Marcelo Risatti nos ajudou a colocar os barcos na água na parte da manhã, com ajuda do trator. Somos 8 barcos, 7 veleiros e uma lancha.


Veleiros: SS Vivre, um Tahiti 16 que pertence ao Fernando Filoni, e fica baseado em Ubatuba, Meu Amigo, um Velamar 23 do Edson Mattei, que veio da represa de Avaré,  Kiwi, um novo Flash 165, sediado na represa de Guarapiranga, na capital, pertencente ao Aristides Carvalho (Tide), Jacaré VI, um barco de madeira, que veio da represa de Avaré, tripulado pelo Werner, quase sempre sozinho,  Beagle, um Bruma 19 repleto de eletrônicos, pertencente ao Mauricio, que fica no Bauru Tênis Clube e navegou até a Água Nova para zarpar conosco, o Going Ahead, do Franco Morais, um Daysailer que navega na represa de Itupararanga, perto de Sorocaba e o Saudade, um Bruma 19 que veio rebocado de Curitiba pelo Werner Schrappe e seu irmão Max  Como este barco não tem mastro e velas, eles terão a propulsão de um motor de popa de 15 HP. O Zip, do Frank Sarninghausen, um catamarã de madeira, que veio da represa do Broa em Itirapina, partiu um dia após, porque foram necessários alguns ajustes adicionais.

A lancha é a Lula Molusco, do Paulo Fax, nosso Comodoro, vindo da Represa de Avaré, tripulada por ele e a família Amatucci, que normalmente navega em águas salgadas.

Às 13:00 partimos todos ao mesmo tempo da Água Nova, tendo deixado lá os carros e nossas carretas rodoviárias e  sendo saudados por uma seriema curiosa que durante a manhã andou entre os barcos, para ver os preparativos. O Jacaré VI partiu com o Marcelo e a Fran. Por falta de vento, seguimos todos no motor e por volta da 16:00 chegamos perto da Barragem de Barra Bonita, onde numa baía bem protegida dos ventos, localizada à direita da barragem, pudemos abaixar os mastros, para a eclusagem.

A passagem pela eclusa, aguardada com grande expectativa pela maioria dos velejadores, foi um momento muito interessante para todos e a operação foi feita sem incidentes ou atraso, devido às instruções do nosso Comodoro Fax, que fez toda a comunicação com a central de operações da eclusa no nosso lugar e nos orientou no momento da fixação dos veleiros nos amarradouros flutuantes.

Ao final da eclusagem seguimos por alguns minutos pelo Rio Tietê, já na Represa de Bariri, até a cidade Barra Bonita, cuja marina está localizada próxima ao centro. Tel. 14  3642-1718. 

Havia algumas chalanas bem grandes neste porto, porém o pessoal da marina já nos aguardava e muito nos ajudou na atracação dos veleiros.

Dois oficiais da Capitania Fluvial de Barra Bonita também estiveram na marina, um gesto que apreciei muito, demonstrando o envolvimento da Marinha do Brasil com o  meio hidroviário.

Uma das chalanas foi até cedida para que alguns dos participantes da expedição pudessem dormir a bordo com mais conforto. A Marina nos ofereceu uma ducha quente, muito apreciada por todos.

Junto à marina há o Restaurante onde à noite nos serviram um delicioso jantar a preços justos. A poucos metros da Marina da Barra há um posto Petrobrás que vende também óleo para motores 2T. Neste porto,  juntou-se a nós o barco Essesim, do Nelson Uzeda, que fica sediado no Bauru Tênis Clube e que fará toda a viagem conosco.













Dia 2.   Segunda-feira, 4 de julho de 2011, Posição de manhã: Marina Barra Bonita. Posição à noite: Bauru Tênis Clube.  Represa de Bariri.



Parti com o jovem tripulante Rodrigo Rodrigues da Silva a bordo, da Marina da Barra às 11:30, no motor, até  a altura da Baliza 23, perto da Fazenda Imperial, onde erguemos os mastros e velejamos rio abaixo até a linha de transmissão, próxima à bóia cega vermelha 39, num percurso de 12,5 km. No meio do caminho, alguns barcos pararam e foram ver como funciona uma draga de areia. Depois, com os mastros abaixados novamente seguimos para o Bauru Tênis Clube, onde atracamos nos belos e seguros trapiches às 17:45, após passar debaixo de uma ponte ferroviária e de uma ponte rodoviária da SP 225, que liga Bauru a Jaú. Pernoitamos nos barcos, amarrados nos trapiches do BTC. O catamarã Zip nos alcançou e fará o percurso em flotilha.



Dia 3.  Terça-feira, 5 de Julho de 2011. Posição de manhã: Bauru Tênis Clube. Posição à noite: Praia de Arealva. Represas de Bariri e Ibitinga.


 Partimos com o Rodrigo às 09:30 , no motor, com uma pequena parada na foz do Rio Jaú. No meio do trecho, antes da eclusa, cruzamos com a balsa para carros, que une as cidades de Boracéia e Itapuí, esta última na margem direita, onde se podem fazer as compras necessárias.

Às 12:30 paramos numa pequena baía situada a 500 m antes da eclusa, na margem esquerda, formada por uma antiga pedreira, onde abaixamos os mastros e aguardamos a eclusagem. Isso foi feito uma hora depois e saímos da eclusa às 14:00. Logo após a eclusa a hidrovia segue por um interessante canal reto, logo à esquerda, por 2, 5 km. Após 2, 5 km surge outro canal em curva, à direita, com 5 km de extensão, tudo muito bem sinalizado, por bóias cegas e balizas luminosas. A 25 km depois da barragem encontramos na margem esquerda, uma grande quantidade de redes para a criação de tilápias e um porto onde as barcaças são carregadas com cana de açúcar para as usinas e destilarias. Junto a Arealva, avistamos a balsa de carros que faz o serviço entre Itaju e Arealva. Às 18:00 chegamos à Praia de Arealva, onde há um pequeno atracadouro para barcos de maior calado. Os pequenos veleiros, com calado menor, foram amarrados à margem, que é íngreme, permitindo saltar da embarcação à terra diretamente. O local é bem protegido dos ventos de Sul, não há guardas e é muito exposto aos ventos de Norte. Existe uma pequena pousada, com poucos recursos nesta praia.

À noite, apreciamos um delicioso jantar, num  quiosque,  junto à praia. O local oferece banho frio e banheiros. A cidade de Arealva, com 8.000 habitantes, fica a 2,5 km da Prainha.



Dia 4. Quarta-feira, 6 de julho de 2011. Posição de manhã:  Praia de Arealva, Posição à noite: Cidade de Iacanga. Represa de Ibitinga.



Segui sozinho, no barco, mas percorrido 1 km, o velho motor de popa do meu barco parou e não quis mais pegar. Fui rebocado pela lancha Lula Molusco até a bóia cega vermelha 21. Velejei até a bóia cega vermelha 19, onde na margem esquerda há uma bela mata, com pequenas baías, lembrando o Pantanal, e novamente fui rebocado até Iacanga, pela Lula Molusco. Na margem esquerda, bem na entrada do Rio Claro, por onde se chega a Iacanga, vimos um grande loteamento com uma caixa de água cilíndrica, notável, pintada com faixas vermelhas e brancas. Junto ao loteamento existe um trapiche de madeira, com cerca de 100 de comprimento, destinado a reter camalotes. À noite a navegação deve ser feita com cuidado neste trecho. A flotilha entrou pelo canal do Rio Claro em fila indiana, às 17:00, até o trapiche municipal, que teve espaço para todos os barcos. Fomos recebidos pelo prefeito. O trapiche fica praticamente no centro da cidade, o que facilitou muito as compras e transporte de combustível e víveres. O local é bem protegido de ventos.

A cidade tem um internet café. Fomos dormir na Pousada Green Village Resort, onde à noite comemos um excelente churrasco. O dia seguinte foi destinado ao descanso e nós fizemos um passeio pela cidade, onde pudemos admirar o recém inaugurado aquário municipal, que mostra apenas peixes que existem ou existiam no Rio Tietê. À tarde, visitamos o bairro do Quilombo, com uma fonte de água mineral, fábrica de queijo e produção de mel. Almoçamos os dois dias num restaurante pertinho do atracadouro, junto a um posto de gasolina. Nesta etapa, o Saudade nos deixou, pois a tripulação precisou voltar a Curitiba.  A lancha Essesim recebeu uma nova tripulante, a Débora, que ficou na Expedição até o fim, fazendo companhia para a Helena e para o Bruno e Pedro, do veleiro SS Vivre, que se juntaram a nós em Arealva. Também a Natalie se juntou à Expedição Cruzeiro. Na quinta-feira à noite, o Marcelo Risatti veio até o Resort para jantar conosco.



Dia 5  Sexta-feira, dia 8 de julho de 2011. Posição de manhã: Cidade de Iacanga. Posição à noite: Condomínio Córrego da Onça. Represas de Ibitinga e Promissão.



Saímos às 10:00 de Iacanga, no motor, que novamente parou às 11:00 na bóia 5. Fui rebocado pelo SS Vivre, até a eclusa de Ibitinga, aonde chegamos às 13:00. A 4,5 km da entrada do Rio Claro navegamos por cima do gasoduto Bolívia –Brasil, marcado por bóias amarelas. Como temido, havia camalotes na entrada da eclusa, porém com a ajuda



de todos, conseguimos superá-los e concluir a eclusagem às 15:00. Nesta confusão toda, a Ângela, esposa do Edson quebrou uma costela, mas não reclamou e descobriu tudo só após o fim da viagem, através de uma radiografia. Desta vez, fiz a eclusagem toda sozinho e só no remo. Acho que em condições normais isso não seria permitido. A 10 km da eclusa, passamos junto a um curioso pesqueiro, bem junto à hidrovia, onde alguém aproveitou uma árvore submersa para montar uma cabana com telhado, para poder pescar na sombra.

Chegamos às 17:30 no Condomínio Córrego da Onça, em Borborema, onde no rancho do Fabio Borges, preparamos um jantar comunitário. Fomos dormir cedo, nos barcos ancorados, pois teríamos que zarpar cedo, já que o percurso do próximo dia seria longo.



Dia 6  Sábado, dia 9 de julho de 2011. Posição de manhã: Condomínio Córrego da Onça. Posição à noite: Clube Jacarandá.  Represa de Promissão.


Partimos às 08:00 com temperatura de 8o C, meu motor não funcionou e eu tive que ser rebocado pelo Essesim, uma lancha  cabinada, com um motor de popa de 25 HP. A 35 km da barragem de Promissão a represa começa ficar muito larga, cerca de 4 km e logo avistamos a ponte rodoviária da SP 333, que une Pongaí a Borborema, a partir da qual eu velejei por 22 km. Na margem esquerda, encontra-se a cidade de Sabino, de onde sai uma balsa, que leva e traz os carros até a outra margem,

Às 15:00 recebemos a notícia do acidente do Marcelo Risatti, em Sales, o que me deixou muito apreensivo, pois até chegar ao nosso destino do dia, eu não sabia o que havia acontecido. Imediatamente a lancha Lula Molusco e o veleiro Zip seguiram para Sales e o restante da flotilha seguiu para o Jacarandá Náutico Clube, onde eu velejei desde a entrada do Ribeirão dos Bagres até o Clube.  Deve-se evitar navegar junto à margem esquerda (noroeste) do Ribeirão dos Bagres, nos primeiros 2 km, devido a numerosos tocos de árvores. A esticada foi longa nesse dia: quase 90 km.

Apesar da excelente acolhida pelo Sergio e Waldo, o clima entre nós foi de grande tristeza, pela perda do nosso companheiro Marcelo Risatti e os ferimentos do Oliver Sarninghausen. Decidimos ficar lá por 2 dias, até as coisas se normalizarem.

No domingo, velejamos com os Velamares do Sérgio e Waldo pela entrada do Ribeirão dos Bagres. O Fernando Filoni e Nelson Uzeda não mediram esforços para tentar  consertar meu velho motor de popa. Por fim, desistimos, mas eu tive a sorte de poder comprar um belo motor de 4 HP quase novo, do Sérgio, o que me ajudou bastante nas demais pernas. O local de atracagem do Clube Jacarandá é ótimo, o melhor de toda a viagem. Existe uma linha de alta tensão passando sobre o Ribeirão dos Bagres, que deve ser passada pela margem noroeste, não oferecendo perigo para veleiros com mastros até 10 m. A recepção neste local também foi surpreendente.

A represa de Promissão me pareceu a mais bonita e adequada para a vela de cruzeiro, pois existem suficientes pontos de apoio, cidades, praias e diversidade geral, além de bons ventos. O comprimento dela é 110 km.



Dia 7   Terça-feira, dia 12 de julho de 2011. Posição de manhã: Jacarandá Náutico Clube, em Adolfo. Posição à noite: Náutico Clube Buritama . Represas de Promissão e  Nova Avanhandava.



Zarpamos do Jacarandá às 08:00, e às 10:00 já estávamos defronte à eclusa de Promissão, para onde o Velamar 32 Olodum, do Sérgio nos acompanhou. Descemos os mastros antes da barragem. Quando toda a flotilha estava amarrada na câmara da eclusa, entrou por fim um empurrador, que por rádio nos explicou detalhes do tráfego de cargas pela hidrovia. A eclusagem foi iniciada às 12:00 e finalizada às 13:00. Paramos um

pouco nas proximidades da Ponte de Barbosa e chegamos ao Náutico Clube de Buritama às 18:00 com escuridão total, porém pudemos amarrar nossos barcos num excelente trapiche, protegido dos ventos.  À noite, o prefeito de Buritama nos ofereceu deliciosos lanches e bebidas, no local. A cidade de Buritama fica a 3, 5 km do clube. A linha de alta tensão não representa perigo para veleiros, já que é muito alta.



Dia 8  Quarta-feira, dia 13 de julho de 2011. Posição de manhã: Náutico Clube de Buritama. Posição à noite: Iate Clube de Araçatuba. Represa de Nova Avanhandava e Três Irmãos.












 Partimos à 09:40 de Buritama e entre 12:00  e 13:00 foi feita a eclusagem, desta vez com duas eclusas, ou seja há um pequeno lago no meio das duas.  Para descermos os mastros escolhemos uma baía à esquerda da barragem, em meio a um vento que sempre nos queria derivar para cima dela. Encontramos no lago intermediário um empurrador da empresa Louis Dreyfus Commodities, o TQ-01, que estava subindo as eclusas para pegar duas barcaças a montante da barragem, que faziam parte de seu comboio de 4 barcaças.  A jusante vimos as duas outras barcaças, esperando. À tarde este comboio, com 4 barcaças vazias nos alcançou perto de Araçatuba, com velocidade de 5 nós, rumando conosco,  rio abaixo.  

A jusante desta barragem, já na represa de Três Irmãos, há muitos obstáculos, como bóias fora do lugar correto ou com identificação errada e tocos de árvores, além de camalotes e margens com profundidades duvidosas, exigindo muita atenção, mesmo do comandante de um barco pequeno. É altamente recomendável evitar a navegação nessas águas à noite ou com visibilidade reduzida. Felizmente ninguém encalhou ou esbarrou num destes obstáculos. A seqüência de obstáculos segue por 16 km após a barragem. Uma coisa interessante foi avistar uma ponte demolida, que não oferece perigo à navegação, a 4 km da barragem. A 24 km após a barragem surge mais civilização: os loteamentos Veleiros, Santa Fé e Costa Azul, todos próximos, na margem esquerda. Mais tarde, apareceram a ponte rodoviária da SP 463 que liga Araçatuba a Auriflama e também uma grande destilaria de álcool, a Destivale, na margem esquerda. Chegamos ao elegante Iate Clube de Araçatuba às 17:30, onde fomos recebidos pela diretoria e pudemos tomar aquele banho quente e preparar mais um delicioso jantar comunitário. Dormimos como quase sempre, nos barcos ou barracas.

Dia 9   Quarta –feira, dia 14 de julho de 2011, Posição de manhã: Iate Clube de Araçatuba. Posição à noite: Pousada Beira Rio. Represa de Três Irmãos.

Parti às 10:30, desta vez acompanhado pelo Mark Meder, que veio da Nova Zelandia há poucos meses e é entusiasta da vela. Nos primeiros 25 minutos usamos o motor, mas depois chegou um vento de popa, que me permitiu usar o gennaker por meia hora. Com o tempo, o vento foi rondando para o Norte, com força 2 a 3, obrigando-nos a orçar. Neste dia velejamos até chegarmos à Pousada Beira Rio, do Sr. André, às 17:00. Foram 54 km sem mexer nas velas, a velejada mais agradável e longa que fiz nos últimos anos! Passamos por uma  ponte inacabada, da qual existem só os pilares. Deve ser mais uma obra do PAC 2. Essa foi a represa mais intocada de todas, com poucas vilas ou loteamentos ao redor. Na pousada, comemos um belo churrasco no jantar e conversamos com alguns pescadores que usam a pousada como base. O peixe mais delicioso é o tucunaré, encontrado em grande quantidade.

Dormimos na pousada e nos barcos, pernoitei no barco, mas às 04:00 da manhã o vento nos acordou, ele havia aumentado e  alguns barcos ficaram de lado na praia, ou melhor, no barro, lançando ondas contra o costado e impossibilitando qualquer tentativa de continuar o sono. Alinhei o meu barco contra o vento, com auxílio da âncora e continuei dormindo. É isso que acontece, quando se arrasta os barcos para a praia, por pura preguiça, sem ancorá-los mais ao fundo: qualquer ventinho pode atrapalhar. A região desta pousada é totalmente exposta ao vento e ondas que vêm do largo. Quem quiser ficar sossegado, deve ancorar mais ao fundo da grande baía ao Sul da pousada, formada pelo Córrego Quintino Bocaiúva ou Três Irmãos.  A represa de Três Irmãos tem 115 km de água, próprias para a vela de cruzeiro, porém dispõe de menos recursos que a de Promissão.

Dia 10  Quinta-feira, dia 15 de julho de 2011. Posição de manhã: Pousada Beira Rio. Posição à noite: Pousada Dinâmica das Águas, em Pereira Barreto.

Parti às 10:10, motorando durante uma hora, depois, o vento Norte com força 1 e 2 nos ajudou até chegarmos às 15:00 em Pereira Barreto, na orça. (17 km). Ocupamos nossos chalés e ainda sobrou um tempo para pescar com o Paulo Fax e Natalie no Lula Molusco, onde o Paulo fisgou uma traíra. À noite, assistimos a uma palestra do Dr. Marcos Chiquitelli,  o Pirata da Ilha Solteira, Professor de Ecologia da UNESP, que veio ao nosso encontro, com seu veleiro Boto 16, o Pirata. Após a palestra foi nos oferecido um delicioso prato de yakissoba num restaurante japonês da cidade.



Dia 11  Sexta-feira  dia 16 de julho de 2011 Posição de manhã: Pousada Dinâmica das Águas. Posição à noite: cidade de Ilha Solteira. Represas de Três Irmãos e Ilha Solteira.

Partimos às 09:00, com mais dois barcos que se juntaram à nossa flotilha: o veleiro Pirata e a lancha Ballada, do Daniel, de São José do Rio Preto que estava fazendo uma viagem de férias com a família. Sua base é o Hotel Baobá, em Sales. No início do Canal de Pereira Barreto, tivemos que pedir licença para a travessia, usando o canal 16, como se fosse uma eclusagem. O canal é estreito e não permite o cruzamento de um comboio com outras embarcações. Obtivemos permissão para entrar imediatamente e seguimos, no motor por um trecho inesquecível, um canal artificial, com 9 km de extensão e altura das margens variável entre 10 e 30 m, com água limpíssima, que liga os rios Tietê e São José dos Dourados.

Após percorrermos o canal, o Rio S. José dos Dourados nos recebeu com um belo vento Norte, que permitiu velejarmos até a ponte rodoviária de Ilha Solteira. Este rio tem muitos tocos de árvores, mas quem ficar na hidrovia delimitada pelas bóias não corre perigo.

Neste trecho subiu a bordo a esposa do Daniel, Giovanna,  que nunca tinha velejado e ficou no leme e escotas por pelo menos 2 horas. Depois que ela voltou à lancha Ballada, entrou a Diana, que também levou o barco por um bom tempo. Encontramos novamente, vindo em sentido contrário, o comboio do empurrador TQ-01, já conhecido nosso, que desta vez estava carregado com soja de Goiás, seguindo rio acima, para entrar mais tarde no canal e depois na Hidrovia do Tietê.

Após a ponte rodoviária vimos uma piscicultura, no lado esquerdo e aí o vento foi dormir obrigando-nos a seguir no motor pelos últimos 13 km da nossa longa viagem, até a marina municipal de Ilha Solteira, chegando às 15:30, acompanhados de vários barcos a motor, que foram ao nosso encontro, onde uma enorme festa foi organizada pelo pessoal ligado à náutica local, com direito a churrasco, cerveja, música ao vivo e muito mais.  Agradecemos o Pirata da Ilha pela organização da festa.

Para nós, que brindamos ao encerramento da Expedição Cruzeiro Hidrovia ABVC Interior 2011, foi um momento de grande alegria e reflexão por termos percorrido a Hidrovia Tietê, sem grandes contratempos.

À noite, procuramos um local seguro para a ancoragem e eu  segui para a prainha dos quiosques, situada junto à barragem de Ilha Solteira, no Rio Paraná, porém um carro com som ensurdecedor me afugentou para uma pequena baía localizada atrás de um estaleiro, indicação do Pirata da Ilha, onde dormi sossegado. Os ancoradouros de Ilha Solteira não são abrigados contra os ventos do Norte e Oeste e relativamente abrigados contra os ventos do Sul.  O fundo de toda a região é de algas, o que dificulta a unhagem das âncoras. Alguns veleiros garraram no ancoradouro da prainha do quiosque. O melhor ancoradouro da região encontra-se na margem oposta (Norte) do rio São José dos Dourados, a 4 km  de Ilha Solteira, nas imediações do Farol São Martinho,  (2 Lampejos  brancos com intervalo de 2 segundos e ocultação de 8 segundos) que é visível de Ilha Solteira. Recomendo âncoras bem pesadas, do tipo Danforth.

Na manhã seguinte, iniciamos os preparativos para a volta, ou seja, alugou-se um  pequeno ônibus, no qual voltamos para a Água Nova, afim de pegarmos nossos carros e carretas.

No balanço geral, o Jacaré VI, navegou 425 km a motor (229 M) ou 79% do trecho e 115 km (62 M) ou 21% do trecho à vela, totalizando 540 km (291M).